Autor do mês: Paul Brunton Muitos
de nossos leitores certamente já leram algum livro de Paul Brunton. Uma
de suas obras mais populares é "A Índia secreta", que foi escrita quase
80 anos atrás, mas que continua sendo reeditada e lida por muitas
pessoas. 
Paul
Brunton (1898-1981) é o nome literário do jornalista Hermann Hirsch (de
origem judaica alemã), nascido na Inglaterra. Ele alterou seu nome
inicialmente para Raphael Hurst, depois para Brunton Paul e finalmente
para Paul Brunton - nome com o qual ficou conhecido através de suas
publicações. Conta-se que Brunton se envergonhava de sua ascendência
judaica, e que chegou a fazer uma operação plástica para mudar seu
nariz. Paul Brunton, em foto de 1937 Durante
sua juventude, Brunton serviu ao exército britânico, participando da
primeira guerra mundial. Depois, começou a se interessar pelo
misticismo, entrando em contato com a Teosofia. Além de trabalhar como
jornalista, era sócio de uma livraria ocultista, durante a década de
1920. Paul Brunton e Ramana Maharshi No
início da década seguinte, realizou uma viagem à Índia, entrando em
contato com vários mestres espirituais importantes, como Meher Baba, o
Shankaracharya de Kanchipuram e Ramana Maharshi. Logo depois, em
1934, Brunton publicou o livro "A search in secret India"
(traduzido para o português como "A Índia secreta"), que fez grande
sucesso. Lá ele descreveu sua viagem e suas experiências de busca
espiritual. Apesar
de ter aproveitado muito suas viagens e contatos, Brunton sempre
manteve uma atitude de se sentir superior aos mestres orientais.
Foi também crítico dos esforços de Gandhi para a independência da
Índia, pois considerava natural que os britânicos dominassem aquele
"povo escuro". Brunton
teve um papel importante na divulgação dos ensinamentos esotéricos
orientais no ocidente. Seu estilo jornalístico, apresentando suas
viagens em forma de uma série de aventuras, também atraiu leitores.
Porém, como costuma acontecer com os autores ocidentais que escrevem
sobre o pensamento oriental, Brunton também não foi capaz de
compreender as doutrinas originais, fazendo misturas e confusões entre
idéias incompatíveis, e "ocidentalizando" o pensamento indiano. Além
disso, simplificou e adaptou muitas concepções orientais para torná-las
mais fáceis de compreender e praticar no ocidente. 
No
entanto, muitos dos seus leitores pensavam (ou pensam, ainda hoje) que
ele transmitiu as mais profundas concepções indianas, nos seus livros.
O próprio Brunton depois passou a se comportar como um guru,
influenciando muitas pessoas. Depois da independência da Índia, ele não
regressou àquele país, e declarou que preferia não se encontrar mais
com nenhum mestre indiano porque desejava desenvolver suas próprias
idéias. Considerava, também, que os indianos eram intolerantes e de
visão estreita, por não aceitarem suas tentativas de dar novas
interpretações ao pensamento oriental. Uma
das influências indianas mais importantes na obra de Paul Brunton foi
Ramana Maharshi, o sábio de Arunachala. Ele o visitou algumas vezes, e
escrevia muito a seu respeito em suas obras. No entanto, quando
retornou à Índia em 1939, com a intenção de permanecer três meses com
Ramana, recebeu uma advertência de Niranjananda Swami, irmão de
Maharshi, que administrava ao ashram. Niranjananda Swami acusou Brunton
de ter plagiado muitas das idéias de Maharshi, apresentando-as como de
sua própria autoria, nos livros. Por isso, proibiu-o de ficar tomando
notas daquilo que Ramana dizia aos discípulos. Diante desta situação,
Brunton ficou pouco tempo no ashram, foi embora e nunca mais retornou. Paul Brunton (de terno, assentado ao chão) no ashram de Ramana Maharshi Posteriormente,
a influência mais importante recebida por Burton foi a de
Subrahmanyan Iyer, um discípulo de Vivekananda, cujo interesse era mais
filosófico e intelectual do que espiritual propriamente dito. O estilo
do pensamento de Iyer combinava mais com as preferências de Brunton,
que acabou se dedicando ao estudo da filosofia ocidental e abandonando
gradualmente os aspectos práticos da espiritualidade indiana. Subrahmanian Iyer (ao centro), seu filho (à esquerda) e Paul Brunton Brunton
fez enorme sucesso, durante sua vida, tendo vendido aproximadamente
dois milhões de cópias de seus livros. Grande parte do seu sucesso veio
de sua conexão com o pensamento indiano, pois seus leitores esperavam
encontrar em suas obras os ensinamentos orientais mais profundos.
Agora, com o devido distanciamento, é necessário perceber que os livros
de Paul Brunton descrevem as idéias de Paul Brunton, mesmo quando ele
afirma estar apresentando os pensamentos de algum mestre indiano. Quem
tiver interesse em Paul Brunton deve ler os livros de Paul Brunton.
Quem tiver interesse na tradição espiritual indiana deve ler
outros livros. 
Muitos
dos livros de Paul Brunton foram traduzidos para o português e são
lidos até hoje. Indicamos abaixo os principais deles, colocando entre
parênteses o ano em que o original inglês foi publicado. A Índia secreta (1934) O caminho secreto (1935) O Egito secreto (1936) Mensagem de Arunachala (1936) Um eremita no Himalaia (1936) A busca do eu superior (1937) A realidade interna (1939) A sabedoria oculta além do Ioga (1941) A sabedoria do eu superior (1943) A crise espiritual do homem (1952)
Além dessas obras, há outros livros de Brunto traduzidas para o português, como: Idéias em perspectiva; A imortalidade consciente; Meditações para pessoas em crise; Meditações para pessoas que decidem; O que é o karma?
"A
crise espiritual do homem" foi o último livro que publicou, em 1952,
muito antes de sua morte (1981). Passou as duas últimas décadas de sua
vida bastante isolado, vivendo na Suíça. No entanto, durante esse
período continuou a escrever muitas anotações, que foram publicadas
postumamente por amigos e discípulos, em 16 volumes. 
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